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06 abril, 2008

Análise de Poema

Poema: Interrogação
Autor: Camilo Pessanha


Não sei se isso é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! Nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual de Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço.
Que adoecia talvez de te saber doente.


1. Padrões de estrutura:

Verso (linha do poema) – linha comum, citando um caso de amor e doença
Estrofe (grupo de versos) – cinco estrofes
Canto (grupo de estrofes) – não há canto
Refrão (grupo de versos que se repete) – não há refrão


2. Padrões de versos (prosódia):

Métrica (padrão de extensão dos versos) – extensão normal
Ritmo (padrão sonoro resultante da métrica) – ritmo com variações entre as estrofes
Entonação (interação de ritmo, fonema e volume) – extensão variada entre os versos


3. Padrões de sons:

Rima – 1.a estrofe: palavras terminadas em igo e ar
2.a estrofe: palavras terminadas em eito e ânticos
3.a estrofe: palavras terminadas em iso e erno
4.a estrofe: palavras terminadas em eio e oca
5.a estrofe: palavras terminadas em eco e ente

Alteração (assonância e consonância) – vide tópico de rima


4. Padrões de dicção poética:

Metáfora (representação figurativa) – 2.a estrofe: “Cânticos dos Cânticos”
Alegoria (representação simbólica) – 4.a estrofe: “Da luz crepuscular, que enerva, que provoca”
Ironia (discordância entre o dito e a intenção) – 4.a estrofe: “Nem lembrei jamais de te beijar na boca”
Catacrese (uso incorreto de palavras) – 2.a estrofe: “... nenhuns versos românticos” e 3.a estrofe: “Se é amar-te não sei.” em vez de “se for”
Imaginário (impossibilidades lógicas) – 4.a estrofe: “Da luz crepuscular, que enerva, que provoca”


5. Padrões de forma:

Soneto (duas estrofes de quatro versos e duas estrofes de três versos, com rima) – não há
Ode (estrofe, anti-estrofe e épodo) – não há
Sestina (seis estrofes com seis versos e a sétima estrofe com três, sem rima) – não há
Hai-kai (uma estrofe de quatro versos) – não há
Outros vários, inclusive de forma livre – cinco estrofes com dois versos cada uma

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